O filósofo Paulo de Tarso.

A maioria dos cristãos evangelistas se inspira na vida daquele que foi um dos maiores evangelistas que este mundo já conheceu: o apóstolo Paulo de Tarso.
Tudo indica que ele nasceu por volta de 5 d.C., Tendo-se completado a sua educação preliminar, Saulo foi enviado, quando tinha cerca de treze anos, para a grande escola judaica relacionada com a instrução sagrada, em Jerusalém, como estudante da lei. Foi aluno do aclamado Rabi Gamaliel (Atos 22:3) e lá passou muitos anos num estudo elaborado das Escrituras e das muitas questões relacionadas com elas e com as quais os rabis se exercitavam.
Tarso era a sede de uma famosa universidade com uma reputação ainda maior do que as universidades de Atenas e Alexandria, as outras universidades que existiam na altura. Aqui nasceu Paulo e aqui passou a sua juventude, sem dúvida gozando da melhor educação que a sua cidade natal podia oferecer. O seu pai pertencia à facção judaica mais estrita - os Fariseus. “Tarso tinha meio milhão de habitantes” e além de cidade universitária era “ponto de encontro entre o oriente e o ocidente, entre gregos e orientais” (ALEXANDER, 2008. p. 648), isto ajudou a Paulo ser um homem muticultural.

Paulo estava familiarizado com os modelos de pensamentos de grupo de pessoas, no meio das quais formou igreja. Ele era nativo de Tarso, um centro da filosofia estóica grega. Ele compreendeu claramente a cosmovisão das correntes filosóficas gregas e também a dos politeístas. Penetrou na cosmovisão do povo e adquiriu uma melhor compreensão dela. (SHENK, 1995. p. 108)
Quando estava em Atenas, Paulo “o seu espírito se comovia em si mesmo, vendo a cidade tão entregue à idolatria.” (Atos 17:16), ali encontrou alguns “filósofos [1]epicureus e [2]estóicos contendiam com ele” (Atos 17:18) que o conduziu ao areópago que era um  “antigo tribunal de grande prestígio, possivelmente responsável por examinar e conceder habilitações a homens que queriam ensinar em publico.” (ALEXANDER, 2008. p. 658).
Neste ambiente de privilégio para os atenienses que eram apaixonados por novidades (Atos17:21) Paulo explana  “Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens” (Atos 17:24) para mostrar a superioridade de Deus que não era como os deuses deles que exigiam sacrifícios e precisavam de templos para habitar, “Nem tão-pouco é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas.” (Atos 17:25). Ele usa algo conhecido pelos atenienses e depois passa para o desconhecido, “Porque, passando eu e vendo os vossos santuários, achei, também, um altar em que estava escrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Esse, pois, que vós honrais, não o conhecendo, é o que eu vos anuncio.” (Atos 17:23). Neste verso Paulo usa um deus conhecido na cultura dos filósofos quem tem o nome de “Deus Desconhecido” e coloca um nome nele, “é o que eu vos anuncio” atribuindo a Cristo.
Depois o apóstolo faz uso de uma citação do poeta Epmênides, no verso 28: “Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos; como, também, alguns dos vossos poetas disseram: Pois somos, também, sua geração”. Porque Paulo usou este poeta nessa explanação com os profetas? Paulo tinha uma razão de assim fazer. Epmênides era um  dos poucos monoteísta daquela região.
Epmênides era um dos poucos da sua época e região que criam em apenas um deus e segundo conta Diógenes Laertius quando houve a praga em Atenas muito se fizeram de holocaustos para "apaziguar a fúria dos deuses", que passavam de 30.000, ou seja, tinham mais deuses em estatuas nas ruas do que pessoas vivendo em Atenas, onde foram até chamados sacerdotes Egípcios e Babilônicos para tentarem resolver aquela praga, mas sem sucesso algum. Quando então lembraram o Deus único de Epmênides, então o chamaram. Ele mostrou-os o erro de adorarem deuses que não poderiam os ajudar em nada, e mandou que colocassem ovelhas no alto do areópago que estas iriam lhes mostrar o local onde esse Deus queria ser adorado. Então, num ato "místico" as ovelhas desceram o areópago e andaram até um local onde não havia nenhum tipo de idolatria. E ali os artífices construíram um altar e como não sabiam o "nome" desse Deus, a mando de Epmênides talharam como "O DEUS DESCONHECIDO" (Assim como descrito em Atos 17:23), e assim conseguiram resolver o problema da praga. (BOWDER, 1992. p. 187)


Epmênides além de monoteísta e poeta também era considerado um filósofo, por isso “ele citou um dos seus próprio filósofos, ajudando-os a compreender que Jesus era o corolário (proposição que se deduz imediatamente de outra já conhecida) de sua busca da verdade, que era a aspiração dos filósofos gregos” (SHENK, 1995. p. 108) e o resultado destas ações esta no verso 34 do capítulo 17 do livro de Atos “Todavia, chegando alguns varões a ele, creram, entre os quais foi Dionísio, areopagita, e uma mulher, por nome Damaris, e com eles outros.” (Atos 17:34)
“Algumas semanas depois, Paulo viajou a Corinto” (SHENK, 1995. p. 108) e quando lá chegou ele não usou uma linguagem de cosmovisão grega filosófica, ele usou abordagens de background de semelhança com os judeus.


[1] Epicureus, discípulos de Epícuro “eram materialistas, cuja a filosofia muitas vezes se resumia à simples buca do prazer.” (ALEXANDER, 2008. p. 658)
[2] Estóicos, seguidores de Zeno, eram “racionalistas que propunham uma filosofia de auto-suficiência e obstinada perseverança.” (ídem)